Boas práticas para manutenção de gramados no verão

Manutenção de gramados no calor ou tempo quente

As gramas são plantas com elevado vigor de crescimento e capazes de crescer em alta densidade, mesmo quando submetidas a frequentes roçada. Essa característica não está somente atribuída ao elemento “gramado” em si, mas também a fatores climáticos como temperatura e precipitação, consequentemente a estação do ano. Verificar que a sua grama está crescendo muito e necessita de um maiores cuidados durante o verão é uma situação bastante comum.

Gramados cultivados no Brasil crescem bastante durante o verão e pouco nas estações mais frias do ano. Isso se deve ao fato das gramas cultivadas no Brasil serem melhor adaptadas ao clima quente, ou seja, desenvolvem-se muito bem em temperaturas compreendidas entre 27° e 35° C.

Dentre as diversas espécies de grama de clima quente cultivadas por produtores no Brasil, destacam-se a Grama Esmeralda, São Carlos, Santo Agostinho, Bermudas e a Grama Japonesa entre outras para mais detalhes sobre cada espécie, acesse este link.

Cada espécie apresenta uma característica particular quanto ao crescimento durante as estações mais quentes do ano, sendo algumas variedades muito exigentes em manutenção nesta época do ano e, portanto, irrigação, roçada e adubação, são práticas essenciais e necessárias, principalmente durante a primavera/verão. Há situações específicas em que a roçada da grama deve ocorrer diariamente, como no caso da grama Bermudas, sendo, portanto pouco indicadas para jardins residenciais e muito recomendadas para campos esportivos. Neste sentido, é de grande importância saber escolher a espécie de grama mais adequada para compor a paisagem (jardins residenciais, campos de futebol, jardins e parques públicos, taludes e áreas de segurança de rodovias, barragens, parques industriais, terrenos baldios, entre outros). Consulte um profissional especializado.

Roçada:

A roçada é uma prática essencial, pois garante a renovação periódica da folha. Mas também permite o controle de algumas plantas daninhas intolerantes.

Cortar a grama estimula o desenvolvimento do sistema radicular, permitindo que o mesmo se espalhe e se aprofunde no solo, favorecendo a absorção de água e nutrientes pela planta. Entretanto, do ponto de vista puramente botânico, aparar as folhas da grama também é prejudicial para o gramado pois reduz temporariamente a produção e o estoque de carboidratos das folhas, cria pontos de entradas de organismos, aumenta temporariamente perda de água pelas folhas e a absorção de água pelas raízes. Ou seja, também pode ser considerado é um fator estressante à planta. Neste sentido, deve-se evitar realizar a roçada do gramado nas horas mais quentes do dia e no final da tarde. A poda das folhas nas horas mais quentes do dia pode estressar muito as plantas pelas altas temperaturas. Roçar a grama no final da tarde pode aumentar as chances do aparecimento de doenças como o Dollar spot em decorrência do acúmulo de orvalho sobre as folhas. O ideal é realizar a poda da grama no período da manhã.

Mais afinal... roçar a grama é bom ou ruim?

Roçar o gramado, não é uma pratica muito boa, porém a adaptação das gramíneas ao pastoreio por animais, tornou-as um grupo de plantas muito resistentes a podas constantes, o que possibilita realizar tal prática e torna-la conveniente para manter a beleza do gramado.

Altura de corte

A altura do corte das folhas da grama é um fator de grande importância para manter a boa aparência e a saúde do gramado. Podas muito baixas, proporcionam um grande prejuízo à grama por causar uma renovação excessiva da parte aérea, além disso roçar a grama muito baixa de maneira a diminuir consideravelmente o stand do gramado, expondo o solo logo abaixo, facilita o aparecimento de ervas daninhas.

Podas muito altas deixam o gramado muito volumoso, diminuem o tempo entre uma e outra roçada e tornam o aspecto da grama desagradável.

A altura de corte da parte aérea varia conforme a espécie de grama. Espécies como a Esmeralda, São Carlos, Santo Agostinho e Batatais toleram roçadas até 1 cm de altura, mas o ideal é que as folhas permaneçam com aproximadamente 1,5 cm após o corte. Podas inferiores a essas podem ser consideradas prejudiciais a rebrota. Já as Bermudas permitem roçadas mais baixas, até 1 cm.

Frequência de roçada

Ao contrario da altura de corte, a frequência de roçadas não pode ser determinada com base na espécie de grama. A taxa de crescimento é o fator determinante para a freqüência de corte e é estimada com base nas interações entre tipo de grama e clima e outros fatores ambientais. Portanto, a prática da roçada ocorrerá com maior frequência no período do verão do que no inverno pelas condições favoráveis ao desenvolvimento da grama. Isso ocorre porque, é durante as estações mais quentes e chuvosas do ano (primavera e verão) que a grama apresenta maior atividade metabólica.

O ideal mesmo é roçar a grama toda vez que ela atinja entre 3 a 4 cm de altura, o que representa aproximadamente 1 roçada por mês, no que se refere as espécies como Esmeralda, São Carlos, Santo Agostinho e Batatais. As Bermudas requerem roçadas semanais ou até mesmo intervalos inferiores a este.

Remoção das aparas após o corte

Embora, muitos sejam os benefícios proporcionados pela incorporação da matéria orgânica no solo (minimiza dos efeitos proporcionados pela compactação por pisoteio excessivo, favorece o crescimento e desenvolvimento do gramado ao melhorar a estrutura do solo, aumenta a retenção e movimento da água e disponibilidade de nutrientes as plantas) remover o material resultante do corte da parte aérea da grama ao final do serviço de poda é um prática de grande importância para a saúde do gramado, pois o acúmulo de palha entre as folhas pode proporcionar o aparecimento doenças de origem fúngica e bacteriana tanto na parte aérea como nas raízes. Essas doenças ocorrem porque a palha acumulada cria um ambiente adequado para a proliferação de fungos e/ou bactérias. Portanto remover as aparas da grama após a roçada é essencial para a saúde do gramado. Em situações especificas quando são verificados sintomas de doenças, o gramado devem ser roçados baixo e realizada remoção de toda a palha para aumentar a circulação de ar e a secagem do ambiente formado entre as folhas.

Irrigação

Para o bom desenvolvimento da grama é de fundamental importância que o manejo da irrigação seja realizado de forma adequada.

Determinar o momento de realizar a irrigação de forma visual é uma prática bastante comum no que se diz respeito a gramados residenciais, porém pouco precisa. Muitas vezes verifica-se um excesso de regas desnecessário, e um grande desperdício de água decorrente do desconhecimento da real necessidade de se realizar ou não a irrigação da grama. Isso ocorre principalmente nas épocas mais quentes do ano (primavera/verão).

Tanto o excesso como a falta de água, são fatores considerados prejudiciais ao desenvolvimento do gramado, independente de sua funcionalidade. Com relação às gramas, o estresse hídrico (falta de água no solo) acarreta na perda de qualidade da mesma. Como característica desse déficit há redução no número de brotos novos, a grama torna-se fosca, a folha se dobra e enrola, a textura da folha se altera e perdem cor até que sequem e tornem-se marrons. O estresse hídrico, promove também a redução da absorção de nutrientes pela raiz. Por outro lado, irrigações excessivas, podem levar ao rápido crescimento da grama, resultando no aumento no número de roçadas, podendo provocar também o desenvolvimento de um sistema radicular raso. Além disso, o excesso de irrigações pode provocar o encharcamento do solo e reduzir a quantidade de oxigênio no mesmo e dificultar a respiração das raízes.

Outro fator de grande importância a ser considerado é a textura do solo logo abaixo da grama. Solos argilosos tendem a reter mais umidade por mais tempo do que solos arenosos. Neste sentido menor será a frequência de irrigações da grama.

Quanto irrigar?

A exigência de água pelo grama pode ser suprimida pelas chuvas, irrigação ou uma combinação dos dois fatores. Em regiões de clima mais seco o consumo de água pela grama é muito maior, pela menor incidência de chuvas, consequentemente, a necessidade de se utilizar a irrigação em dias alternados é de grande importância. Já nas em regiões onde há maior incidência de chuva, muitas vezes a necessidade hídrica do gramado acaba sendo suprimida pela própria precipitação e pouco pela irrigação.

Gramados de clima quente - como os cultivados no Brasil - necessitam de 2 a 5 mm de água por dia (o que representa 2 a 5 L/m² de água), entretanto esta quantidade pode varia em função do local, espécie, condições climáticas, fatores ambientais. Isso também não quer dizer que é necessário irrigar diariamente do gramado com 2 a 5 mm de água visando suprir a necessidade hídrica. Nunca se deve esquecer que o solo é uma reservatório de água e terá condições de fornecer essa quantidade a grama por alguns dias consecutivos.

Frequência de irrigação

A irrigação deve ser aplicada antes da murcha permanente das folhas, ou assim que for verificado o enrolamento das folhas, a fim de evitar danos permanentes ao gramado.

A técnica da impressão do pé é uma forma prática de verificar ou não a necessidade de se realizar a irrigação do gramado. Essa técnica consiste em atravessar a área gramada e observar se após a travessia a folha da grama volta a sua posição original (em pé) ou se permanecem tombadas. Quando há quantidade suficiente de água no solo as folhas da grama permanecem hidratadas e retornam rapidamente a posição vertical. Quando o solo apresenta baixa disponibilidade de água, essa também falta nas folhas e elas demoram a ficar em pé, deixando o gramado com a marca de pegada.

É difícil estabelecer a frequência de irrigações que um gramado precisa receber durante o decorrer de uma semana, pois esta é determinada principalmente em função de vários fatores, como o tipo de solo, a espécie de grama, a temperatura, incidência de chuvas como já citado anteriormente. Mais irrigar o gramado uma ou duas vezes no decorrer da semana pode ser considerada uma alternativa para jardins residenciais. Porém é conveniente avaliar a real necessidade de se estar realizando tal prática antes de executa-la.

Como regra geral:

  • Gramados cultivados em solos arenosos requerem um maior numero de irrigações por semana do que aqueles cultivados em solos argilosos;
  • A grama Bermudas requer maior frequência de irrigações do que as demais gramas;
  • Condições de intensa precipitação durante a semana dispensam irrigações;
  • Irrigações deverão ocorrer com maior frequência no verão do que durante as estações mais frias do ano;
  • Regas frequentes e excessivas podem levar ao aparecimento de doenças, o encharcamento excessivo do solo e a falta de oxigênio para as raízes da grama.

Adubação:

A adubação é uma pratica cultural essencial para garantir o fornecimento de nutrientes como nitrogênio(N), fósforo (P), potássio (K), Calcio (Ca), Magnésio (Mg), etc..., para as plantas. Assim como a roçada e a irrigação, a adubação é muito importante para manter a qualidade do gramado, e através de um programa de adubação é possível garantir principalmente o crescimento adequado (folhas, rizomas, estolhos, raízes), a qualidade da cor e a resistência ao ataque de pragas e doenças.

Elementos como nitrogênio, fósforo e potássio, classificados como macronutrientes essenciais, são aqueles requeridos em maiores quantidades pelas plantas e, portanto, devem ser aplicados com frequência nos gramados na forma de adubos granulados (N-P-K). Já os macronutrientes secundários como o calcio, magnésio, enxofre, etc..., embora também muito importantes, são requeridos em menores quantidades e frequência pelas plantas, dessa forma podem ser fornecidos através da aplicação de calcário e gesso agrícola incorporado ao solo anteriormente ao plantio da grama e posteriormente ao estabelecimento do gramado, a aplicação do calcário pode ser feita uma vez por ano. É essencial que tanto após aplicação de um adubo como calcário o gramado seja irrigado.

Quanto às recomendações de fertilização, variam conforme o tipo de solo, variedade de grama, época do ano e condições climáticas da região. Determinar quantidades é muito relativo, pois o uso da grama como cobertura vegetal é muito variada e as condições muito distintas. Portanto, é de extrema importância consultar profissional especializado antes de realizar a adubação de um gramado.

Frequência de adubação:

Teoricamente, seria muito benéfico para o gramados que a aplicação de adubo ocorresse diariamente e em pequenas quantidades. Entretanto, é uma prática raramente adotada pela inviabilidade e elevado custo. O que se tem adotado é o estabelecimento de frequências de menores de adubação, onde a quantidade de fertilizantes aplicados sejam suficientes para garantir os níveis adequados de nutrientes do solo por determinado período.

Estações mais quentes requerem um programa de adubação mais frequente do que nos períodos mais frios do ano, em decorrência da maior atividade metabólica dos gramados. Campos de golfe necessitam de adubações muito mais frequentes, sendo no mínimo muitas vezes adubados uma vez por mês, podendo as adubações serem ainda mais frequêntes do que isso . Quanto aos gramados residenciais devem ser ferilizados de 3 a 4 vezes no decorrer de um ano. Mais isso não é uma regra básica para gramados. O ideal é sempre consultar um profissional especializado do setor antes de adotar qualquer pratica no que se diz respeito a gramados.