Controle de plantas daninhas em gramados
A mais importante componente da qualidade de um gramado é a uniformidade. A presença de plantas daninhas no stand do gramado interrompe a uniformidade devido à variabilidade na largura da folha, cor e hábito de crescimento. Além de depreciar a qualidade do gramado, as plantas daninhas competem por luz, água e nutrientes e CO2 com as plantas de grama. A maior dificuldade no controle de plantas daninhas em gramados está principalmente atribuído aquelas de folha estreita, visto que os defensivos utilizados para o controle deste grupo de plantas podem também prejudicar ou até matar a grama.
Outra ponto muito importante é a disponibilidade de defensivos para uso em gramados no Brasil. Poucos são os produtos atualmente registrados para o uso em áreas de produção e muito inferior a este número são aqueles para o uso em áreas públicas e jardinagem profissional.
Dessa forma, produtores de grama, empresas que trabalham com manutenção de áreas públicas e jardinagem profissional, tem enfrentado em uma irregularidade involuntária quanto ao uso desses produtos, visto que dependem dos mesmos para obterem um gramado de qualidade. Neste sentido a Associação Nacional Grama Legal, vem desde 2010 constantemente trabalhando junto com as principais empresas e órgãos regulamentadores para a obtenção desses registros. Nos últimos anos temos obtido grande êxito, principalmente quanto aos produtos para áreas agrícolas.
Medidas preventivas para controle de plantas daninhas em gramados
A invasão de ervas daninhas em um gramado estabelecido ocorre quando o mesmo se torna fraco em decorrência de fatores como: estresse ambiental, danos por pragas, práticas culturais inadequadas ou intenso tráfego de veículos e pessoas. Em decorrência desses fatores, as práticas para controle de plantas daninhas podem tornar-se pouco eficientes a longo prazo.
Neste sentido, um programa de prevenção é essencial para a manutenção da qualidade do gramado. Os principais métodos de prevenção são: Cultural, sanitário e controle de replantio. Porém para aplicação de tais métodos é essencial, primeiramente, conhecer a ecológica das plantas daninhas. Visto que o seu meio de propagação influencia no método de prevenção.
Gramado com infestação por Amarantus Spp
Ecologia
Ervas daninhas disseminadas por meio de partes vegetativas, como rizomas ou estolões, costumam ser mais facilmente controladas do que aquelas propagadas através de estruturas reprodutivas, como sementes, visto que estas estruturas podem apresentar características fisiológicas adicionais de dormência. A dormência é um fator que permite que as plantas daninhas sobrevivam no solo (bancos de sementes) por longos períodos mesmo quando o mesmo é perturbado pelo cultivo. A importância da dormência é observada quando um solo preparado para o estabelecimento de um gramado. O seu revolvimento, que ocorre durante o seu preparo para implantação do gramado, pode expor esse banco de sementes ou propágulos a condições adequadas, induzindo-os a germinação. Isso ocorre pela presença de fatores como a luminosidade, umidade e calor.
Controle Sanitário
A implantação de gramados por meio de sementes ou estruturas vegetativas podem resultar em maiores problemas com infestação por plantas daninhas nos anos posteriores ao plantio uma vez que as plantas invasoras podem ser introduzidas junto com as sementes, rizomas, estolões ou tapetes. Portanto, adquirir tapetes, sprigs ou sementes de produtor devidamente regularizado e que atenda os padrões de qualidade instituídos pelo MAPA é essencial para garantir a qualidade do gramado que será implantado.
Infestações também podem acontecer por meio de equipamentos utilizados no plantio, na roçada, na pulverizadores e para adubação. Portanto, é recomendado que todo equipamento utilizado em um gramado seja devidamente higienizado ao final de cada operação bem como antes do uso.
Práticas Culturais
Um gramado denso e de crescimento ativo é a melhor estratégia para competir por luz, nutrientes e água com plantas daninhas e reduzir seu nível de infestação. Características do solo como: pH, conteúdo de água, fertilidade, aeração e temperatura são fatores primordiais, pois podem influenciar na redução a comunidade de plantas invasoras. Ou seja, solos corridos (pH ideal), férteis, que mantenham nível ideal de unidade e bem aerados, criam um ambiente ideal ao desenvolvimento do gramado. Como consequência há maior densidade de plantas de grama/m² e limitação da penetração luz na superfície do solo, reduzindo a infestação do gramado por plantas daninhas.
A altura de corte também pode ser considerado outro fator de grande relevância, uma vez que podas extremamente baixas podem expor a superfície do solo. Tal fator novamente pode criar condições ideais para o aparecimento de plantas invasoras. Portanto, é recomendado sempre respeitar a altura de poda de cada espécie a fim de evitar o aparecimento de zonas não preenchidas por plantas de grama no decorrer do gramado.
Ciclo de vida das plantas daninhas
Verificada a infestação, a primeira etapa no controle é a identificação das espécies de ervas daninhas, assim será possível selecionar o melhor método de controle. O melhor método de controle é selecionado a partir de algumas características da planta invasora: método de reprodução; ciclo de vida e estação que ocorre seu crescimento.
Método de reprodução:
- Por sementes
- Por estruturas reprodutivas: rizomas, estolões, bulbos ou tubérculos
Ciclo e vida e estação de ocorrência
Anuais. Ciclos de vida completos em uma estação de cultivo, com reprodução principalmente por sementes
Anuais de verão - germinam na primavera, atingem a maturidade no verão e completam o ciclo no outono. As sementes então permanecem dormentes até a primavera. – classe que geralmente causa mais problemas no gramado. Ex: Capim marmelada, capim carrapicho, capim colchão, capim pé de galinha, capim rabo de raposa, caruru, guanxuma, beldroega.
Anuais de inverno - germinam no outono, atingem a maturidade no inverno e completam o ciclo no final da primavera/início do verão. Ex: Carrapicho rasteiro, Mentrasto, falsa serralha, nabo forrageiro.
Gramado com infestação por Roseta, Soliva spp.
Bianuais. Completam seu ciclo em dois anos. No geral, durante o primeiro ano elas germinam e vegetam e, no segundo ano, florescem e produzem. Ex: Guanxuma, Estilosante, Carrapichao, Trevo doce.
Perenes. Plantas que completam seu ciclo de vida de 3 anos ou mais. Tendem a ser a classe de plantas mais difícil de controlar devido aos múltiplos meios reprodutivos que muitas vezes possuem, como sementes, rizomas, estolões, tubérculos e bulbos.
Ex: Fedegoso, leiteiro, tiririca, capim colonião, grama seda.
Controle de plantas daninhas após infestação
Além das práticas preventivas (Culturais e Sanitárias), o controle das plantas invasoras também deve ser realizado através de Práticas mecânicas e Controle químico. Entretanto o controle químico (uso de herbicidas) só deve ver adotado em casos de infestações severas.
Controle físico
Método mais antigo de controle de plantas invasoras.
Controle manual é mais comumente utilizado e muito indicado para o controle de:
- plantas de folha larga,
- áreas pequenas,
- níveis de infestação baixos,
- método indicado para jardins onde as plantas ornamentais podem ser seriamente danificadas mediante o uso de herbicidas.
É muito eficiente para o plantas daninhas anuais de folha larga pois tal técnica permite remover tanto a parte aérea com a eliminação das raízes do solo. Espécies Bianuais podem ser controladas a partir a remoção dos sistema radicular. Ervas daninhas perenes estabelecidas são de dificilmente controladas manualmente, uma vez que novas plantas podem ser iniciadas a partir de partes subterrâneas (rizomas, estolhos). Assim, o método de controle químico é o mais eficiente para controle desse grupo.
Controle mecânico (roçada):
É uma prática rotineira na cultura da grama e muito eficiente para o controle de um grande número de plantas daninhas. A maioria das espécies de ervas daninhas de crescimento ereto e porte alto são controladas em gramados simplesmente por corte frequente e próximo a uma altura de menos de 5 cm. A roçada não é muito eficiente para o controle de plantas de crescimento rasteiro (grama seda)
O sucesso no controle de plantas invasoras através de métodos mecânicos está atribuído ao estabelecimento de rotinas de roçada/arranquio, levando em consideração o período de florescimento e emissão de sementes viáveis. Ou seja, as roçadas devem ocorrer antes do florescimento das plantas.
Controle químico de plantas daninhas:
O controle químico de plantas daninhas através do uso de herbicidas é um método indicado para:
- áreas muito extensas,
- para níveis de infestação é muito alto (banco de sementes)
- para plantas daninhas de difícil controle através do uso do método mecânico (ex: Tiriricas – Cyperus spp.)
Gramado com infestação por Erva de Touro, ridax procumbens.
Época para aplicação do herbicida
Os herbicidas são classificados quanto ao momento em que o produto químico é aplicado no gramado e/ou germinação da planta daninha (pré-emergentes e pós emergentes)
Herbicidas pré plantio: devem ser aplicados antes da implantação do gramado. Tratam-se de produtos que tem o poder de eliminam todo tipo de planta daninha infestante da área.
Herbicidas pré emergentes: aplicados no gramado antes da germinação das sementes da erva daninha que encontram-se no solo. São produtos aplicados diretamente no solo e que criam uma barreira química na superfície do mesmo ou logo abaixo dela. Eles atuam evitando a divisão celular das plântulas recém germinadas. Quando a plantula emergente (aquela que sai de dentro da semente) entra em contato com o herbicida e não consegue se desenvolver.
Plantas daninhas que já emergiram no momento da aplicação não são combatidas de forma consistente.
Se aplicado muito cedo antes da erva daninha germinar, o processo de degradação natural do herbicida pode reduzir a concentração do mesmo no solo e o resultando em um ineficiente ou reduzido controle da planta daninha.
Herbicidas pós emergentes: aplicados após a emergência das plantas daninhas. O programa completo de controle de plantas daninhas pode ser realizado com herbicidas pós-emergentes desde que varias aplicações sejam realizadas ao longo do ano. Contudo, devido a necessidade de repetir as aplicações, alguns herbicidas podem proporcionar intoxicação temporária do gramado, neste caso é recomendado fazer o uso herbicidas pós-emergência em conjunções com um programa de controle de ervas daninhas de pré-emergência.
A época de aplicação deve ser quando a erva daninha é jovem (2 a 4 folhas) nesta fase, a absorção e a translocação de herbicidas são favorecidas, e o gramado é mais capaz de preencher os vazios deixados pelas ervas daninhas morrendo.
Quanto ao modo de ação:
Herbicidas de contato: Mata apenas as partes da planta ou células vivas atingidas pelo produto químico. A morte do tecido ocorre em seguida a aplicação. O uso dos herbicidas de contato é limitado principalmente ao controle de espécies anuais de ervas daninhas, uma vez que apenas as plantas acima do solo são mortas.
Herbicidas Sistêmicos: são absorvidos pelas raízes ou partes da planta acima do solo e são então translocadas através da planta para os tecidos ou áreas onde ocorre toxicidade. Depois de absorvidos pelas folhas são translocados através do floema até a coroa, rizomas, estolhos, bulbos ou tubérculos. A morte das plantas ocorre através de um efeito crônico resultante de uma interrupção do crescimento da planta e dos processos metabólicos. A eliminação das plantas ocorrer entre 1 e 4 semanas.
Portanto, para o bom controle de plantas daninha por meio da aplicação de herbicidas deve-se considerar a época de aplicação, o modo de ação e a espécie, visto que existem no mercado produtos para controle de plantas de folha larga, folha estreita bem como aqueles que podem matar ambos os tipos. O controle químico deve ser adotado em casos onde o nível de infestação é elevado e a planta daninha de difícil controle.
O ideal é sempre evitar o uso indiscriminado de produtos químicos, optando sempre primeiramente pelo controle mecânico caso seja possível.