Manejo de larvas de besouros que alimentam-se de raízes de grama
Besouros mais comuns em gramados
Os coleópteros (Coleoptera) compõem uma ordem muito diversa de insetos, dentre os quais os mais populares são os besouros e as joaninhas. No entanto, essa ordem compreende também escaravelhos, gorgulhos entre outros. A Ordem é composta por cerca de 350 mil espécies, que representam 40% de todos os insetos, formando o maior grupo de organismos da Terra (LAWRENCE; BRITTON, 1991; 1994).
A maioria dos coleópteros são fitófagos (se alimentam de praticamente todas as partes da planta – raiz, folhas, flores frutos e pólen), entretanto podem ser necrófagas (carniça), coprófagas (excrementos), predadoras, parasitas ou podem ainda infestar produtos de origem animal ou vegetal armazenados.
Dentro da ordem Coleóptero os mais comuns em gramados são os besouros denominados Coró (White grubs) e o Bicudo da cana de açúcar (Billbugs) (muito comuns em áreas de produção de grama localizadas próximos a cultivos de cana de açúcar). Os maiores danos ao gramado são causados pelo estágio larval desses insetos que se alimentam das raízes e rizomas da grama logo abaixo da interface solo-palha e causam a morte de grandes manchas de grama, pois vivem em galerias subterrâneas situadas entre 5 e 10 cm de profundidade abaixo do gramado.
Besouro adulto Diloboderus abderus, Coró das pastagens.
Besouro adulto Sphenophorus, Bicudo da cana de açúcar.
O período compreendido entre maio e setembro (outono/inverno) caracteriza-se como o mais crítico para o ataque ao gramado. Isso ocorre porque trata-se da época onde observa-se maior incidência de larvas no solo. Outro fator de grande importância a ser ressaltado é que período de maior incidência de larvas coincide com a estação mais fria e ano e, portanto, mais crítica para as gramas de clima quente, pois as baixas temperaturas e índices de precipitação reduzem o metabolismo das plantas. Desta forma, os sintomas decorrentes da alimentação das larvas podem apresentar-se muito mais severos.
Os sintomas de infestação de larvas incluem um declínio gradual do gramado por meio da formação de um mosaico amarelo, ou murchamento das plantas de grama de uma área, mesmo havendo umidade suficiente no solo. Níveis de infestação elevados do solo por larvas e alimentação contínua podem evoluir para manchas maiores induzindo a morte do gramado. Isso ocorre porque a lesão da raiz reduz a capacidade do gramado de absorver água e nutrientes e resistir ao estresse de condições climáticas (baixa temperatura e seca).
Nas áreas de produção de grama, o maior prejuízo é verificado no momento da colheita dos tapetes. Ao alimentarem-se das raízes e rizomas, as larvas reduzem o volume de raízes e estruturas de propagação que dão resistência aos tapetes, desta forma, tornam-os quebradiços e, portanto, inviáveis a comercialização.
Identificação da larva
Enquanto as larvas de Coró são gordas, brancas e curvas, com 3 pares de pernas bem visíveis e, aproximadamente, 4 cm de comprimento, as larvas de Sphenophorus não possuem pernas, apresentam coloração branco-leitosa e cabeça acastanhada e quando adultas 6 mm de comprimento.
Larva de Diloboderus abderus, Coró das pastagens.
Larva de Besouro Sphenophorus, Bicudo da cana de açúcar. Aggieturf.tamu.edu
Medidas preventivas para o controle de larvas de coleópteros:
- Realizar o manejo adequado de adubação ao final deverão e início do outono de forma a garantir uma boa nutrição do gramado no decorrer de todo outono e inverno visando mitigar os efeitos do ataque e infestação moderada de larvas.
- Realizar um bom manejo de irrigação mesmo no decorrer do outono/inverno.
- Manter o gramado com altura de corte adequada (conforme espécies).
- Remover o excesso de a palha do gramado para reduzir os locais de postura de ovos ou qualquer atividade potencial de acasalamento dos insetos.
- Realizar o monitoramento constante da presença dos adultos no gramado e observar se as plantas próximas das quais eles costumam se alimentar estão danificadas.
- Realizar o controle dos insetos adultos mediante o uso de inseticidas químicos ou por meio de controle biologico anteriormente ao acasalamento e postura dos ovos.
Fonte: LAWRENCE, J. F.; BRITTON, E. B. Coleoptera (beetles). In: C.S.I.R.O. Division of Entomology. The insects of Australia: a textbook for students and research workers. 2. ed. Carlton: Melbourn University Press, 1991. p. 543-683.