Irrigação eficiente e racional de gramados
Irrigue seu gramado de forma eficiente
No momento atual onde as mudanças climáticas são sensíveis e as restrições para o uso da água aumentam, muitas pessoas se questionam sobre a irrigação dos gramados e jardins. Têm pessoas inclusive, que optam por trocar a grama por piso de cerâmica ou concreto, achando que assim diminuirá o consumo de água.
Achar que a grama é um problema e vilã nesse contexto de falta de água é uma insensatez. O gramado tem funções essenciais nas residências e cidades, mesmo necessitando de irrigação na ausência de chuvas.
Entre as funções e vantagens de ter uma área gramada, destacam-se:
- Aumento da área permeável, diminuindo inundações nas cidades;
- Filtragem da água da chuva, diminuindo a contaminação dos lençóis freáticos;
- Evapotranspiração de áreas verdes auxilia a formação de nuvens;
- Melhora o clima local, diminuindo a temperatura e aumentando a umidade das áreas próximas;
- Redução do ruído das cidades;
- Além de ser um local de lazer, prática de atividades físicas e aumento do bem-estar das pessoas.
Conheça outras vantagens
Portanto, é fundamental mantermos os gramados nas cidades e residências. Mas como manter uma área gramada com baixo consumo de água?
O gramado, seja ele esportivo, paisagístico ou mesmo aquele que tem função de estabilizar um talude ou fazer a cobertura vegetal de parques industriais e estrutura viárias precisa de água para se desenvolver e cumprir sua função.
Normalmente, a chuva é suficiente para abastecer os gramados da água que necessitam.
As principais espécies de gramas utilizadas no Brasil, como a Grama Esmeralda (Zoysia japonica), têm a capacidade de aguentar períodos de seca. A grama entra em um período de dormência vegetativa. Ela seca, mas não morre. Assim que receber água, volta a rebrotar.
No entanto, em algumas situações, épocas do ano ou em gramados de alto desempenho (como campos esportivos), a irrigação é necessária para complementar a disponibilidade de água no solo oriunda das chuvas.
Porém, com a restrição do uso de água para irrigação, as práticas de cuidados com o gramado devem mudar!
Nesses casos, é fundamental observar alguns aspectos ou ter um projeto de irrigação feito por um profissional para evitar desperdícios de água e para que a grama cresça e prospere com muito menos água do que estávamos acostumados a aplicar no passado.?
Dicas para irrigação de gramados recém-plantados
O melhor momento para formar um novo gramado é na época das chuvas, pois os tapetes ou rolos de grama recém-plantados precisam de água em abundância para sobreviver na nova área e emitir novas raízes. Porém, existe um risco maior dos tapetes serem levados pela água da chuva. É importante fixá-los ao solo, principalmente em áreas mais íngremes.
Na ausência de chuva, o gramado recém-plantado deve ser irrigado diariamente na primeira semana. A água deve ser suficiente para atingir o solo abaixo dos tapetes.
A partir da segunda semana, irrigar em dias alternados até que a planta comece a emitir novas folhas e raízes. Após esse período, fatores como clima, regime de chuvas, tipo de solo, uso do gramado e disponibilidade de água determinarão a frequência da rega.
Gramado recém-plantado necessita sempre de mais água que gramados já estabelecidos!
“A maioria das espécies de grama demandam uma lâmina d’agua de 2,5 cm por semana, no entanto é importante observar as características do solo e condições climáticas para garantir que a água aplicada fique disponível para a planta e não seja desperdiçada. Se não houver chuva, o gramado pode ser irrigado duas vezes por semana, com 1 a 1,5 centímetros cada vez.”
Regras básicas:
- Aplicar apenas a quantidade de água necessária para reabastecer a zona da raiz evitando a percolação (perda de água por lixiviação profunda).
- Evitar escoamento superficial: a primeira causa do escoamento superficial e poças de água é irrigação superior à capacidade de infiltração de água do solo. Essa capacidade de infiltração varia conforme o tipo do solo. Solos de textura muito fina, como os argilosos, possuem baixa capacidade de infiltração. Se ao irrigar, for observada a formação de poças e escoamento superficial, o solo é argiloso ou está compactado. Nesse caso, é recomendado irrigar mais vezes, mas com menor quantidade de água a cada vez. Solos argilosos conseguem reter a água por mais tempo que solos arenosos, que demandam irrigações mais frequentes. Em solos arenosos é importante adicionar alguma matéria orgânica, para aumentar o nível de nutrição e de retenção de água disponível para o gramado.
- Evitar perda por evaporação e transpiração: A irrigação deve ser feita ao amanhecer, evitando condições de muito calor, que favorecem perda de água por evaporação e transpiração. Importante ainda, que seja feita em condições de pouco vento para garantir uma irrigação uniforme da área.
- Controle de algumas condições que reduzem as taxas de infiltração da água no solo, como a compactação e thatch (explicar o que é com imagem e texto: Thatch – controlar o thatch para que não exceda 1,5 cm, promovendo assim o enraizamento mais profundo, evitando que as raízes se concentrem nessa zona, que é pobre em nutrientes possui baixa capacidade de retenção de água)
- Estimular o desenvolvimento das raízes: planeje a irrigação para permitir que um estresse hídrico leve a moderado ocorra entre as irrigações. Com isso, é possível estimular o enraizamento mais profundo e melhorar sua resistência a seca. Com a disponibilidade imediata de água reduzida na parte superior do solo, o gramado irá naturalmente criar raízes mais profundas para procurar água.
- odar periodicamente: Quanto menor a área foliar, menor a necessidade de água. O excesso de área foliar aumenta o consumo de água e consequentemente perdas por transpiração. Realizar as podas na altura recomendada, estimula o desenvolvimento das raízes e evita o acúmulo de folhas.
- Adubação: A adubação nitrogenada deve ser feita com cuidado, pois estimula o desenvolvimento da parte área das plantas. Quanto mais folhas, maior a perda por transpiração. Já a adubação com fontes de fósforo estimula o desenvolvimento das raízes, tornando as plantas mais resistentes ao estresse hídrico.
- Escolha da espécie adequada: algumas espécies e cultivares possuem características que as fazem ter maior resistência à seca, demandando menos água e/ou aguentando longos períodos sem irrigação.
Outras Dicas:
- Não irrigar no final do dia e a noite, pois a umidade excessiva pode proporcionar o desenvolvimento de doenças no gramado.
- Evite irrigação excessiva, pois reduz o oxigênio disponível no solo, importante para a atividade radicular e intensificam o processo de compactação do solo.
Você sabia?
A agricultura é o setor que mais gasta água? A demanda total de água retirada para irrigação no Brasil é elevada. No entanto, essa água retorna direta ou indiretamente para os corpos d’água, via escoamento superficial, evaporação e infiltração no solo, principalmente. Portanto é preciso relativizar a afirmação que "a agricultura é o maior usuário de água no mundo".