O que é a Pérola da terra (Margarodes spp.) em grama e gramados

PRAGAS EM GRAMADOS / 07/02/2023
Autora: Livia Sancinetti Carribeiro- Engenheira Agrônoma, Mestre em Agronomia (Irrigação e Drenagem), Doutora em Agronomia (Irrigação e Drenagem) pela UNESP, Botucatu-SP e Coordenadora Executiva da Associação Nacional Grama Legal

Pérola da terra (Margarodes spp.)

As Pérolas da Terra são insetos primitivos de hábito subterrâneo que pertencem ao grupo de cochonilhas. Fazem parte da família Margarodidae.

Apesar do belo nome recebido por esses insetos, não tão belos são os danos causados por eles aos gramados de clima quente.

São muito comuns em gramas:

  • Centipedegrass (Eremochloa ophiuroides),
  • Grama Santo-agostinho (Stenotaphrum secundatum),
  • Grama Bermuda (Cynodon dactylon),
  • Grama Batatais (Paspalum notatum),
  • Grama São Carlos (Axonopus affinis),
  • Grama Zoysia (Zoysia spp)

Alimentação:

Pérolas da terra, são insetos que alimentam-se do conteúdo celular, seiva e nutrientes das raízes. Sua alimentação ocorre através da inserção de seu aparelho bucal modificado e semelhante a um canudo nas raízes. Essa hábito alimentar do inseto, enfraquece as plantas de grama, levando a sua morte.

Os sintomas surgem na forma de manchas cloróticas circulares que tornam-se marrons com o passar do tempo. As manchas ficam mais evidentes nos períodos de menor incidência de chuvas ou quando os níveis de infestação no solo pelo inseto tornam-se mais elevados.

Os sintomas provenientes de perolas da terra também são muitas vezes confundidos com ataque por nematoides, estresse hídrico, infestação por larvas de coleópteros (coró).

Ciclo de vida do inseto

A maturidade dos insetos (fêmeas) ocorre no final da primavera e início do verão e é marcado pela emergência das fêmeas dos seus cistos cerosos (estruturas de proteção do inseto). O tempo de emergência das fêmeas adultas pode variar conforme a temperatura e umidade do solo.

As fêmeas adultas, apresentam coloração rosa ou laranja, são móveis e desprotegidas da camada cerosa. Desta forma, a fase adulta marca o período de maior vulnerabilidade do inseto e o melhor período para o controle eficiente da população.

As fêmeas adultas são móveis tornam-se visíveis na superfície do solo por um curto período (aproximadamente uma semana). Esse período de mobilidade marca a época de ovoposição e início de novo ciclo da praga.

Pérola da terra (Margarodes spp

Pérola da terra em fase de ninfa.

Pérola da terra (Margarodes spp

Pérola da terra em fase de adulta.

A ovoposição (sem acasalamento) ocorre em galerias subterrâneas abertas pelas fêmeas e situadas a 2,5 e 10 cm de profundidade. Nestas galerias são depositados, no decorrer de 2 semanas, um revestimento ceroso (ovissaco) onde são acomodados os seus ovos (0,16 a 0,32 cm). O tempo médio para eclosão dos ovos é de 15 dias. Dos ovos saem ninfas que deixam o ovossaco e fixam-se nas raízes da grama através de seu aparelho bucal e iniciam a alimentação. Nesta fase de seu ciclo, as ninfas começam a secretar sua cobertura externa e se transformar em "pérolas da terra". A camada cerosa tem a função de proteger as ninfas de condições ambientais adversas, inimigos naturais e inseticidas, tornando o controle químico do inseto bastante difícil.

Ao final do outono ou início do inverno, as ninfas tornam-se adultos e entram em hibernação, emergindo novamente a superfície na próxima primavera.

Soluções para o controle de perolas da terra

  • No caso da perola da terra, a recomendação do uso de inseticidas é uma alternativa pouco eficiente para o controle das ninfas, visto a camada cerosa dificulta o contato do produto com o inseto. O controle mais eficientes deve acontecer no período em que as femeas emergem a superfície do solo ou na fase de larva (logo após a ovoposição);
  • Evitar a dispersão do inseto por meio dos equipamentos agrícolas utilizados durante o ciclo da cultura (riscadores, fofeadores, cortadeiras) através da higienização dos equipamentos a cada uso;
  • Evitar a dispersão do inseto por meio das mudas comercializadas e utilizadas para a expansão dos viveiros;
  • Por tratarem-se de insetos de baixa mobilidade, demoram muitos anos para tornarem-se uma população numerosa, desta forma, com o aparecimento dos primeiros sintomas, deve-se verificar a presença das pérolas no solo, sendo recomendado a remoção da camada superficial do solo (2,5 a10 cm) onde está ocorrendo a infestação e grama do local infestado;
  • No caso de jardins residenciais, recomenda-se a substituição da grama e solo;
  • Mitigar o estresse da planta é investir em um bom manejo nutricional e de irrigação do gramado para permitir que o gramado tolere o dano.