Entenda porque preferir a Grama Natural do que a Grama sintética
Grama Natural X Grama Sintética: qual a melhor?
Com o avanço tecnológico em todo o mundo surgiram as chamadas gramas sintéticas, que estão presentes nos mais diversos ambientes, sejam eles residenciais, esportivos, playgrounds e, até mesmo, na decoração de interiores e eventos. Seu uso mais comum é em campos de futebol Society. Contudo, temos verificado um uso crescente das “gramas sintéticas” em campos de alta performance, como o caso do estádio do Atlético Paranaense, a Arena da Baixada ou do Allianz Parque do Palmeiras.
A grama sintética é basicamente uma superfície artificial produzida a partir de polietileno virgem ou polipropileno que “tenta” imitar a Grama Natural (mas não consegue). Assim, o que se percebe é que essa escolha de adotar o gramado artificial ao em vez da Grama Natural não é apenas pelo verde característico, mas sim por uma falsa impressão de menor custo-benefício. Mas será que é bem assim mesmo?
Primeiramente gramados naturais, como o próprio nome diz, possuem benefícios socio-ambientais incríveis, que não conseguem ser substituídos por nenhuma outra espécie vegetal ou gramas sintéticas.
Benefícios da Grama Natural
- Protegem o solo contra a erosão;
- São muito utilizados na proteção de taludes;
- Auxiliam na infiltração de água no solo;
- Favorecem a valorização de imóveis;
- Aumentam o verde urbano;
- Diminuem a temperatura local, contribuindo para amenizar o microclima e ilhas de calor;
- Refrescam o ar;
- Liberam O2 e capturam CO2;
- São palco de lazer e diversão em parques, praças, áreas de convivência e campos esportivos. Em contrapartida, as gramas sintéticas, ao serem confeccionadas a partir de material plástico;
Problemas comuns no uso da Grama sintética
- Adquirem altas temperaturas em dias de calor;
- Elevam a temperatura ambiental do local onde foram instaladas e regiões próximas;
- Podem proporcionar danos ou lesões muito graves em jogadores;
- Por serem confeccionadas a partir de material sintético (plástico) não favorecem o amortecimento dos atletas depois de uma queda, como os gramados naturais;
- Proporcionam jogabilidade inferior as de um campo natural;
- Quando estragadas requerem uma equipe especializada para reparar o dano e podem muitas vezes “desfiar” em certas situações.
Um fator importante a se destacar é o tempo de decomposição do material, enquanto resíduos vegetais (como aparas das folhas e raizes) podem levar de 40 a 90 dias para decompor na natureza, o plástico leva cerca de 450 anos, o que aumenta os problemas ambientais. Ainda, as aparas de grama podem ser reaproveitadas para ser realizado compostagem (a chamada terra vegetal) que pode ser vendida em forma de substrato ou adubo orgânico, e assim volta a ser incorporada na natureza, aumentando as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
Grande marketing tem sido feito por parte das empresas que comercializam esses materiais sintéticos. A grande “promessa” é a de que o custo de manutenção do gramado artificial é reduzido, apesar do custo de instalação ser elevado pela adoção de alta tecnologia. Entretanto essas mesmas empresas, responsáveis pela comercialização desse produto, esquecem de enfatizar os graves problemas ambientais que o acúmulo de plástico, proveniente do descarte do gramado velho (substituído de tempos em tempos), a borracha preta utilizada para manter a “grama” em pé e os produtos químicos utilizados para a higienização do tapete podem vir a causar no meio ambiente hoje e futuramente. Em tempos em que existe tanta preocupação com a preservação ambiental, será mesmo que a melhor opção é o gramado artificial de “baixo custo” ou a Grama Natural de “alto custo” que proporciona diversos benefícios ao meio ambiente e as pessoas que dela usufruem?
As grandes empresas também deixam de enfatizar que campos de alta performance com gramas sintéticas, requerem tecnologias precisas, rigorosas, importadas e, consequentemente, de alto custo para atender os padrões exigidos pela confederação para serem utilizados em jogos (o que aumenta a exigência para o campo estar em perfeitas condições para o jogo).
Um estudo realizado pela UNESP, mostrou a principal diferente de temperatura em diferentes superfícies (grama batatais, esmeralda, grama sintética com areia, grama sintética com borracha, areia e concreto de cimento) durante o período de 12h ao longo do dia (das 07h às 19h) e constatou que as gramas sintéticas (de borracha e areia) atingiram valores de temperatura superficial maiores que todos os outros pisos, até mesmo o concreto. O maior valor foi acima de 60oC ás 13h na grama sintética com borracha. Enquanto gramados naturais conseguiram diminuir a temperatura superficial, o que melhora o bem-estar e a sensação térmica das pessoas.
Assim, pense duas vezes antes de optar por uma grama sintética, uma vez que gramas naturais tem ótimas vantagens socioambientais e são mais agradáveis, e você ainda favorece a flora nativa, caso opte por espécies como a São Carlos ou a batatais em seu jardim residencial.
Fonte: Sossoloti et al. (2021) - UNESP.
SOSSOLOTI. C. P. ; SOSSOLOTI, O. P. ; NASCIMENTO, M. V. L. ; PRATES, A. R. ; CASTILHO, R. M. M. . Variação térmica em diferentes superfícies de campos de futebol.. In: XXXIII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNESP, 2021, ILHA SOLTEIRA - SP. ANAIS XXXIII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNESP. SÃO PAULO: EVEN3, 2021.